quinta-feira, junho 28

* A roda dos expostos e excluídos



A “Roda”

Algumas atividades da Santa Casa de Misericórdia merecem um capítulo à parte, em virtude da importância de que se revestem por suas conotações históricas, culturais e médico-hospitalares de São Paulo e do Brasil.
Começamos por assinalar a “Roda dos Expostos ou Excluídos”, de origem italiana ou portuguesa, que terá sido instalada no Rio de Janeiro, seguindo-se as da Bahia e de São Paulo, onde funcionou desde 2 de Julho de 1825 até 5 de Junho de 1950. A Roda de São Paulo está hoje no Museu da Santa Casa paulistana trata-se de uma autêntica “roda”, de forma cilíndrica, que girava sobre um eixo: a criança era colocada no cilindro, que rodava para dentro. O entregador tocava uma campainha e uma das caridosas freiras vinha recolher o bebê e providenciava a sua internação, lavando-a e alimentando-a - em resumo, o menino ou a menina eram criados pelas religiosas, até que, na idade adequada, a criança era confiada ao Asylo Sampaio Viana, que ficava no Pacaembu, e posteriormente encaminhada ao Colégio de São José, mantido pela Santa Casa. Depois de alfabetização, o exposto aprendia uma profissão, aprendiam a falar em francês e latim, até que pudesse viver do seu trabalho.
Alguns meninos ou meninas, educados tão cristãmente, conseguiram chegar à Universidade e muitos deles ocuparam situações profissionais de alto nível na sociedade. Era humilde e desconhecida a sua origem, a infância e a adolescência ficou registrada apenas nos seus cadernos escolares, o que reforça ainda mais o sentido social da obra verdadeiramente misericordiosa. O mundo evoluiu, a “roda” pertence ao passado, mas aqueles que a serviram revelaram-se bem mais solidários com as crianças do tempo do que certos que hoje trabalham nas instituições oficiais com a obrigação de cuidar dos meninos e meninas abandonados.
Entre as histórias que mais parecem contos de fada do que as realidades de ontem, as histórias da “roda” ainda são por vezes lembradas por aqueles que as escutaram de seus pais e avós – e por este modo se explica que a roda dos expostos seja uma das “peças” que maior curiosidade despertam entre os visitantes do Museu da Santa Casa Bandeirante.(fonte-santacasa.org.br)

A imagem mostrada acima:
RODA DOS EXPOSTOS: Esta peça é um cilindro oco, confeccionada em madeira de Pinho de Riga, que girava em seu eixo, colocada em muros e com uma abertura voltada para a rua. É considerado o objeto de maior importância do museu da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. No centro do pedestal estão os livros com os registros das crianças e das amas contratadas e encarregadas da amamentação.
Rodas de bebês rejeitados ressurgem na Europa

Um sistema comum na Idade Média para abandonar filhos indesejados ressurgiu com força na Europa nos últimos dez anos, mas com nova roupagem.
Diferente das rodas de bebês rejeitados de outros séculos, o equipamento moderno difere dos cilindros de madeira instalados em paredes de conventos ou igrejas medievais.
Nos equipamentos antigos os bebês indesejados eram depositados pela parte de fora e depois girados para dentro dos estabelecimentos.




Embora tenha a mesma finalidade, o novo sistema consiste em uma espécie de berço aquecido, monitorado por enfermeiras e disposto em locais próximos a hospitais com fácil acesso da população.
A prática, entretanto, continua sendo duramente criticada pela ONU, uma vez que violaria os direitos das crianças.
Em Berlim, por exemplo, uma placa localizada ao final de uma rua de um bairro tranquilo chama atenção de moradores e visitantes, apontando para um caminho entre as árvores.




Na placa, lê-se a seguinte mensagem "Babywiege" (berço).
No final deste caminho, há uma escotilha de aço com uma alça. Dentro dela, uma espécie de berço, com cobertores para acomodar o recém-nascido, possivelmente indesejado pela família.
O local é seguro e a temperatura ideal para um bebê. Há também uma carta deixada pelos responsáveis pela instalação do berço, caso o depositante se arrependa de sua decisão e queira a criança de volta.
Duas vezes por ano, alguém - possivelmente uma mulher - percorre tal trajeto até os fundos do Hospital Walfriede.
Para fontes ligadas ao tema, trata-se, normalmente, de um caminho sem volta. A criança indesejada crescerá sem nunca conhecer a mãe.
O processo é anônimo, ou seja, não se conhece a identidade do depositante, por mais que tal prática seja mais comum entre as mães.
Mas é justamente este argumento - o de confidencialidade - que é criticado por quem condena a iniciativa.
Crítica- Críticos afirmam que a roda pode ser usada por pais inescrupulosos ou até cafetões para pressionar as mães a abandonar seus bebês.
"Estudos na Hungria mostram que não são necessariamente as mães que depositam seus filhos nessas caixas, mas, por outro lado, parentes, cafetões, padrastos e até mesmo os pais biológicos", disse em entrevista à BBC Kevin Browne, da Universidade de Nottingham. 
Funcionamento da "roda" moderna é similar à medieval; bebê é depositado dentro da escotilha.
"Como o processo é realizado no anonimato e não inclui qualquer aconselhamento psicológico à mãe, cria um precedente perigoso tanto para a mulher como para a criança", acrescentou.
Para o estudioso, ao facilitar o processo de abandono de um bebê, as mães ficam menos suscetíveis a receber a ajuda necessária em uma situação de grande trauma emocional e, até mesmo, de risco para sua saúde.
Não há consenso, contudo, sobre o argumento levantado por Browne. Partidários da medida afirmam que estão oferecendo a mães desesperadas uma maneira segura de abandonar filhos indesejados.
Recentemente, uma mãe alemã foi condenada por atirar seu filho recém-nascido da janela do quinto andar de um edifício.
Crescimento- Situações como essa impulsionaram a prática da "roda" moderna na Europa Central e Oriental, desde os países bálticos, passando por Alemanha, Áustria, Polônia, Hungria, República Tcheca até a Romênia.
A lei de alguns desses países encoraja o sistema. Na Hungria, por exemplo, a legislação foi alterada para permitir que a iniciativa fosse considerada legal, nos mesmos padrões da adoção, enquanto que o abandono de um recém-nascido continua sendo considerado crime.
Kevin Browne, da Universidade de Nothingham, acredita que a tendência de crescimento é maior em países com passado comunista ou majoritariamente católicos, onde o estigma da mãe solteira ainda é muito forte.
Caixas para o abandono de bebês por país.
Alemanha – 99, Polônia – 45, República Tcheca – 44, Hungria – 26, Eslováquia – 16, Lituânia – 8, Itália - 8, Bélgica – 1, Holanda - 1, Suíça – 1, Vaticano – 1, Canadá – 1, Malásia – 1.
 Fonte: Comitê dos Direitos das Crianças das Nações Unidas
Para Gabriele Stangl, do Hospital Waldfriede em Berlim, que recebe dezenas de recém-nascidos por ano, a prática moderna da "roda" salva vidas, e, diferentemente do que pensa Browne, também aumenta os direitos das crianças.
Segundo ela, o sistema conta com todas as facilidades de uma maternidade comum. Uma vez que o bebê é depositado no berço improvisado, um alarme soa e uma equipe de médicos chega para checar o estado de saúde do recém-nascido.
A criança, então, é tratada no hospital e nutrida até ser encaminhada ao sistema legal de adoção. Neste período inicial, as mães têm o direito de buscarem de volta seus filhos caso se arrependam. Porém, uma vez feita a adoção, não há mais recurso.
Arrependimento- Não são raros os casos das mães que decidem voltar atrás em sua decisão. Uma delas contou à BBC que, como engravidou muito jovem e não tinha o apoio do pai da criança, ficou em estado de choque após o nascimento e decidiu colocar o filho na "roda". Ela, entretanto, se arrependeu uma semana depois.
Em uma única "roda" em Hamburgo, no norte da Alemanha, 42 bebês foram abandonados na última década. Desse montante, 17 mães contataram os organizadores e 14 buscaram de volta seus filhos.

"Em 1999, cinco bebês foram abandonados na cidade e três deles morreram", disse Steffanie Wolpert, uma das fundadoras do sistema de Hamburgo. "Então, nós pensamos em um jeito de contornar essa situação e permitir a sobrevivência dessas crianças", acrescentou.

Mas os críticos, como o Comitê das Nações Unidas para os Direitos das Crianças, não estão convencidos dos benefícios do sistema. Eles alegam que a iniciativa é um retrocesso às práticas medievais.

Segundo Maria Herczog, uma psicóloga infantil que integra o comitê, uma alternativa mais eficiente à "roda" moderna seria entender e ajudar as mães em circunstâncias difíceis.

"Essa prática envia uma mensagem errada às mulheres de que têm o direito de continuar escondendo a gravidez, dando a luz em circunstâncias pouco conhecidas e abandonando seus bebês", disse Herczog.(fonte-BBC News Berlim).



Esse é um assunto pra ser visto com todo cuidado em tempos em que crianças indesejadas são mortas e abandonadas por suas mães e famílias.



2 comentários:

  1. Interessante isso.

    E ainda há quem critique as bolsas sociais distribuídas pelo governo brsileiro. Lógico que quem pode pagar caro vai às boas "clínicas" para abortar com segurança; depois é só se apressar para não perder a missa das 19 hs em Guarulhos.

    Faltou voce dizer como se dava o processo de batismo e registro civil das crianças abandonadas nas rodas brasileiras.

    Beijo.

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    1. Existe uma realidade absurdamente ignorada pela maior parte da população, que é depresão pós parto. Até a justiça reconhece a explosão hormonal que pode levar uma mulher a cometer atos impensados logo depois do parto. Talvez isso justifiqueo altíssimo índice de arrependimento no curto espaço de tempo.
      Quanto ao registro civil, não encontrei nada sobre, mas me ocorreu um palpite. Possivelmente estaria entre essas crianças criadas pela igreja os futuros padres e freiras da igreja católica.
      Obrigada pela participação.

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Agradeço a sua visita e participação.