O MOLEIRO, O FILHO E O BURRO.
Um dia de verão, o moleiro e seu filho saíram do moinho para
vender um burrinho na feira da aldeia vizinha. No caminho, algumas moças
começaram a rir deles.
- Que bobos vocês são! A criança poderia montar no burro, em
vez de ir a pé num dia tão quente!
O moleiro fez o filho montar no burro e continuou andando ao
seu lado. Logo chegaram perto de um grupo de velhos e um deles disse, apontando
o moleiro, o filho e o burro:
- Ninguém mais respeita os velhos! Olhem só! Enquanto a
criança vai montada no burro, seu velho pai quase cai de cansaço ao arrastá-lo.
Ouvindo o velho, o moleiro fez descer o filho da garupa do
burro e ele mesmo montou o animal, continuando o caminho.
Mais adiante, chegaram junto a um grupo de mulheres e
crianças. Uma das mulheres exclamou:
- Como pode um homem adulto ir montado num burro e deixar
uma criancinha ir a pé?
O moleiro, então, colocou o filho em cima do burro. Logo à
frente, de outro grupo surgiu um homem que gritou:
- Que malvados! Como podem maltratar assim um burrinho tão
pequeno?
Envergonhado, o moleiro amarrou as pernas do burro e
carregou-o nas costas, ajudado pelo filho.
Os moradores da aldeia riram às gargalhadas quando viram pai
e filho carregando o burro. Riram tanto que o burrinho se assustou, começou a sacudir as pernas, as cordas que as
amarravam arrebentaram, e ele caiu dentro do rio.
“Não se pode agradar a todos”.
diz que Esopo foi escravo e autor de fábulas, mas a própria existência desse autor ainda é motivo de discussão entre os historiadores.
Dizem que ele teria nascido na Trácia, na Lídia ou na Frígia, regiões da Ásia Menor, no século VI a.C. Dotado de muita inteligência e criatividade, teria sido levado como escravo para a Grécia, onde foi muito prestigiado pelos atenienses. Atenas, nos séculos VI e V a.C., por seu desenvolvimento, era um ponto de encontro de artistas e intelectuais de várias partes do mundo. O prestígio de Esopo foi tal que chegou a merecer uma estátua em praça pública, que o representava como um homem comum, e não como alguém com o rosto disforme de tão feio, conforme se passou a dizer dele por volta do século IV d.C. Essa idéia de que Esopo teria sido disforme acabou sendo repetida por outros autores através do tempo. No século XIV, o monge Planudes escreveu Vida de Esopo, descrevendo-o assim: “Esopo era o mais feio de seus contemporâneos, tinha a cabeça em ponta, o nariz esborrachado, o pescoço muito curto, os lábios salientes, a tez escura... barrigudo, pernas tortas, encurvado... e, pior ainda, era lento para expressar-se e sua fala era confusa e desarticulada”. Como se vê, parece que o pobre do Esopo foi se transformando num monstrinho com o passar do tempo... O fato é que Esopo deixou uma obra riquíssima, que encerra uma visão crítica extraordinária da natureza humana, com observações impressionantemente atuais.
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