Custo anual do cibercrime no Brasil é de R$ 16 bilhões, diz
estudo
De acordo com a estimativa, o país é o terceiro mais afetado
por atividade ilegal na rede, atrás de China (R$ 92 bilhões), EUA (R$ 21
bilhões) e empatado com a Índia.
No estudo, a firma de segurança ouviu 13 mil pessoas com
idade entre 18 e 64 anos, de 24 países. As entrevistas foram realizadas on-line
entre 16 e 30 de julho deste ano. A cifra é calculada a partir da proporção de
entrevistados que foram vítimas de cibercrime nos 12 meses que antecederam a
entrevista (32% do total), multiplicada pelo custo médio de um ataque no Brasil
(R$ 562) e pela população on-line do país.
"Esse custo envolve danos diretos a pessoas e a
empresas, como por meio de fraude e roubo. Calculamos esse valor com base no
que as pessoas nos respondem", disse à Folha o americano Adam Palmer,
especialista de segurança cibernética da empresa e um dos autores do estudo,
chamado Norton Cybercrime Report 2012.
Gráfico do relatório "Norton Cybersecurity Report
2012" que mostra o custo anual, em dólares, do cibercrime
Palmer está no país para a divulgação oficial dos
resultados, que acontece nesta quinta (4) durante um evento em São Paulo. Ele
argumenta que o valor também envolve as forças policiais e órgãos
governamentais envolvidos no combate à atividade virtual ilícita. "Isso
pode ter um sério impacto sobre a economia de um país."
"Os números [do cibercrime no Brasil] são altos, e
podem ser resultantes de uma economia que cresce, já que aumenta a adoção da
tecnologia e de dispositivos móveis", diz Palmer.
Para Rafael Labaca, coordenador de educação e pesquisa para
a América Latina da empresa de segurança ESET, o Brasil é o líder de alguns
tipos de ataques, incluindo os bancários, justamente por exercer uma posição de
liderança econômica.
A margem de erro para a amostra total é de 0,9 ponto, com
intervalo de confiança (indicador estatístico de verificabilidade das
informações) de 95%, diz a empresa.
ALARMANTE
75% dos brasileiros que usam a internet já foram vítimas de
alguma forma de cibercrime --como cair em um golpe cujo intento era roubar
informações confidenciais ou permitir a instalação de um vírus ou outra forma
de código malicioso.
A média global de ocorrência de cibercrime é de 67%,
enquanto os níveis mais altos são verificados na Rússia (92%), na China (84%) e
na África do Sul (80%).
Quase um quarto dos entrevistados que usam redes sociais no
Brasil (23%) disse que seu perfil foi invadido por uma pessoa que se fez passar
por ele. Tal proporção, a mesma que a da China, é a mais alta entre todos os
países contemplados pela pesquisa.
Cerca de 42% não sabem que vírus podem agir de maneira
imperceptível em um computador (à par com a média global, de 40%).
RISCO MÓVEL
Donos de smartphones e tablets se importam exclusivamente
com a segurança de seus aparelhos, enquanto deveriam dispensar atenção também à
informação que introduzem neles, segundo Labaca.
"É essencial, por exemplo, que haja uma senha para o
desbloqueio do telefone. A maioria dos usuários deixa as sessões [de e-mail e
de redes sociais] abertas, o que facilita a ação de pessoas mal-intencionadas
que tenham acesso ao dispositivo", diz.
A pesquisa da Norton mostra que dois terços dos usuários de
internet usam redes Wi-Fi gratuitas ou sem proteção (sem criptografia) e que
24% desses acessa a conta do banco por meio de tais conexões arriscadas.
Cerca de 67% dos donos de dispositivos móveis dispensam
solução de segurança, como um antivírus, para navegar.
Deve-se tomar cuidado ao instalar aplicativos no aparelho,
segundo Labaca. "Em especial na Google Play [loja de apps para o sistema
Android], onde os desenvolvedores têm mais liberdade, é preciso prestar atenção
na confiabilidade da fonte dos programas."
ANTIVÍRUS NÃO BASTA
Usuários de laptops e de computadores de mesa parecem se
preocupar mais com o seu aparelho: 83% têm antivírus instalado.
Ainda assim, segundo Labaca, a proteção não é completa.
"Não é só isso que vai te salvar; o usuário precisa ter comportamento
adequado, como, quando inserindo informações sensíveis, verificar se o site tem
o 'cadeadinho' de certificação HTTPS [situado ao lado do endereço da página, na
maioria dos navegadores]".(Uol)
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