quarta-feira, junho 26

* Quem são os "novos revolucionários"?




SÃO PAULO - A polícia deteve nesta quinta-feira Pierre Ramon Alves de Oliveira, estudante de Arquitetura que protagonizou as cenas iniciais de depredação em frente à prefeitura de São Paulo, na noite de terça-feira. Ao saber que estava sendo procurado, Ramon se entregou e foi levado para o Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado (Deic), onde chorou durante o depoimento, enquanto contava como foi avisado de que a polícia estava no seu encalço desde a madrugada.

A polícia pediu a prisão preventiva do rapaz, mas a Justiça negou. Ao sair da delegacia, após nove horas detido, Ramon admitiu que cometeu um erro e afirmou que está disposto a arcar com as consequências de seus atos:

— Queria pedir desculpa aos integrantes do Movimento Passe Livre. Eu sei que estava errado. Quero dizer que vou arcar com os prejuízos que causei, eu vou pagar. Cada centavo. Vou trabalhar para isso. Vim de aqui de cara limpa. Confessei, não me mascarei. E peço que quem nunca errou na vida que atire a primeira pedra. Eu queria pedir a todas as pessoas que cometeram atos de vandalismo que se apresentem. Quero deixar claro também que não coloquei fogo no carro da Record - disse ele.

Ramon foi o alvo dos flashes, na quarta-feira, enquanto desafiava policiais e dava pontapés numa das portas de vidro da prefeitura, que acabou quebrada.

À procura do jovem, os policiais receberam uma denúncia anônima sobre sua identidade. Foram, então, à casa onde ele mora com a família. Ao lado dos policiais, a mãe de Ramon avisou o filho, que estava a caminho do trabalho, junto com o pai, numa pequena empresa de transporte. O estudante parou num posto de gasolina e ligou para a polícia, que chegou minutos depois.

Segundo o chefe da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio, Antônio de Olim, o rapaz será indiciado por dano ao patrimônio, lesão corporal e formação de quadrilha.

— Ele é arrogante. Chegou à manifestação todo fortinho, lutador de jiu-jítsu, achou que era o dia dele e saiu quebrando tudo — disse Olim.

Nascido em Garanhuns (PE), cidade do ex-presidente Lula, e morador da Penha, bairro de classe média da capital, o rapaz de 20 anos teria ficado nervoso quando, segundo seu advogado, foi atingido por spray de pimenta.

— Ele tomou spray de pimenta na cara e ficou revoltado. E ele ficou ainda mais nervoso quando percebeu que estava na luta sozinho, isolado na frente de todo o mundo. Ele chorou e se arrependeu — disse o advogado Gerson Dellani.

Ramon foi flagrado durante a confusão usando máscara antigás. No Facebook, ele diz que pratica artes marciais, como muay thai e jiu-jítsu. Em algumas fotos, aparece sem camisa. Na delegacia, chegou de calça jeans e camiseta baby look. O advogado disse que o estudante tem hematomas pelo corpo.

Segundo o delegado, o rapaz disse que, durante o confronto com a polícia, estava acompanhado de outros quatro jovens. O pai de Ramon acompanhou o filho durante o depoimento. Ele deu os nomes dos amigos para a polícia, que investigará o grupo. Anteontem, Ramon enfrentou os guardas municipais assim que eles formaram um cordão de isolamento. Os servidores lançaram spray de pimenta, e o rapaz revidou com xingamentos.(O Globo 20/06).


 


 


 

Um jovem de 19 anos, que foi preso depois de participar das manifestações que ocorreram segunda-feira (24), em Goiânia disse que está arrependido das atitudes que teve. Segundo a polícia, o estudante Leonardo Henrique Daniel Silva de Almeida estava com vários explosivos na mochila.
O rapaz conta que recebeu os artefatos de um outro manifestante e os colocou em sua bolsa. Ele foi detido depois de estourar um dos explosivos pertos dos militares que tentavam fazer a segurança da Prefeitura Municipal.
“Chegou um rapaz e disse: ‘Vamos animar isso daqui’. Ele estava com a mochila cheia de foguetes, bombas. Ele me ofereceu e eu caí na burrice e aceitei. Guardei na minha mochila e uma delas eu acendi. Foi na hora que a polícia chegou e me prendeu”, lembra Leonardo.
O estudante foi um dos 2 mil participantes - segundo a polícia; organizadores falam em 4 mil - do protesto na capital goiana. Houve confronto depois que a Tropa de Choque usou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes que estavam em frente ao Paço Municipal.
A Polícia Civil afirma que já identificou quem são as pessoas que estão praticando vandalismo. Segundo o delegado titular do 1º DP de Goiânia, Isaías de Araújo Pinheiros, são cerca de 50 indivíduos, os mesmo que sempre estão agindo nos protestos. Eles se infiltram em torcidas organizadas para praticar os crimes.
O problema, segundo o delegado, é manter essas pessoas atrás das grades. “Essas pessoas já foram presas dezenas de vezes, todo mundo sabe quem é. O problema no Brasil é a impunidade. Estamos em uma situação de faz de conta. Acho que é uma hora do poder judiciário sair do gabinete e vir ajudar a polícia. Porque nós estamos aqui levando pedrada no rosto, a PM está sem dormir e as pessoas não ficam presas”, lamenta. (O Globo 26/06)

Nota da blogueira insana: Só um bando de baderneiros, inconsequentes, sem bandeira, manipulados, despolitizados, achando que tudo isso é diversão: Mais nada!  




sexta-feira, junho 21

* Brasileiro é contratado para "melhor emprego do mundo" na Austrália




O capixaba Roberto Seba saiu vencedor de uma competição que contou com 339 mil candidatos, de 196 países, e foi contratado para uma das seis vagas oferecidas para os "melhores empregos do mundo", oferecidos pelo Ministério de Turismo da Austrália, por um salário de US$ 100 mil (cerca de R$ 200 mil).

Seba será um "fotógrafo de estilo de vida" em Melbourne (Victoria), no sul do país. Outras cinco posições foram preenchidas, para cada outro Estado ou Território australiano.

Nesta sexta foram anunciados todos os vencedores: o inglês Rich Keam (chefe de degustação na Nova Gales do Sul), o americano Andrew Smith (frequentador de eventos na Nova Gales do Sul), a francesa Elisa Detrez (cuidadora de animais selvagens na Austrália do Sul), o irlandês Allan Dixon (aventureiro no Território do Norte) e o canadense Greg Snell (guarda de parque em Queensland).

O fotógrafo brasileiro será pago para mostrar como os moradores aproveitam a cidade, os cafés, os festivais de música e bares. entre outros locais. Para concorrer, ele enviou um vídeo de 30 segundos contando os motivos que o levavam a querer trabalhar no projeto. Após várias etapas, se tornou um dos 18 finalistas que passaram por entrevista no local de trabalho.

"Fiquei sabendo do concurso pela internet, depois que um amigo compartilhou o site. Quando vi que tinha minhas características, resolvi participar para entrar ainda mais na minha área de trabalho. Como já trabalhava com vídeos, fiz o material bem rápido, editei e enviei", contou Seba em entrevista ao Terra, em abril.

Seba se formou em publicidade na Universidade de Vila Velha (UVV). Há seis anos ele resolveu mudar para São Paulo e começou a trabalhar com fotografia.

Desde 2009, a Austrália promove anualmente o concurso dos "Melhores Empregos do Mundo" para promover o turismo nas diferentes regiões do país. (Terra)
 
Nota da blogueira insana; Tem que ter foco, tem que saber o que se quer, ao contrário dos baderneiros sem bandeira, sem objetivos e sem dignidade que estão nas manchetes dor jornais brasileiros. Parabéns, Seba!

domingo, junho 16

* Quem tem saudade dos anos de chumbo?


 
Salve  a preparadíssima Polícia Militar de São Paulo e a sua pretensa disposição para evitar conflitos!!! Detalhe das expressões de horror das pessoas atrás dos vidros.

e TEM MAIS!!!!









Imagem 198/510: 13.jun.2013 - Um policial quebra, a pancadas, o vidro da própria viatura, parada na rua da Consolação, centro de São Paulo, durante o protesto desta quinta-feira (13) contra o aumento do transporte público (uol)

 


Maria Bernardete de Carvalho não estava participando da manifestação, tentava passsar numa rua próxima, longe do tumulto, quando uma viatura se aproximou, um policial mirou e atirou! Ela, que viveu a didatura militar, faz comparações.

Nota da blogueira insana: Sei lá por que, ou sei, me lembrei do atentado de "esquerda" do Rio Centro em 1981...






domingo, junho 9

* K - do escritor e cientista político paulistano Bernardo Kucinski....



Livro sobre desaparecida política revela ao mundo Brasil 'desconhecido'

Mônica Vasconcelos - BBC Brasil em Londres (7/6/13)




Um livro que narra a busca de um pai por sua filha desaparecida política durante a ditadura militar no Brasil está surpreendendo editores estrangeiros ao revelar um capítulo pouco conhecido da História brasileira – ao menos no exterior.
Publicado no Brasil em 2011, o livro K, do escritor e cientista político paulistano Bernardo Kucinski, já ganhou traduções em inglês, espanhol e catalão, e será publicado também em alemão e hebraico. 
Obra de ficção, o livro é baseado nas histórias reais do pai do autor, Majer Kucinski – o personagem K -, um judeu polonês que fugiu do nazismo e foi viver no Brasil, e da irmã do escritor, Ana Rosa Kucinski Silva.
Militante política e professora de química da Universidade de São Paulo (USP), Ana Rosa foi sequestrada e morta por agentes a serviço do governo militar. Seu corpo jamais foi encontrado.
O ex-delegado do Dops Cláudio Guerra confirmou, em entrevista ao jornalista Alberto Dines, exibida em 2012 pelo programa de TV Observatório da Imprensa, que recebeu o corpo de Ana Rosa, que teria sido morta em sessão de tortura, para ser incinerado. 
Em entrevistas à BBC Brasil, intelectuais e pessoas envolvidas na publicação de K no exterior disseram que o livro chama a atenção ao revelar para o mundo, em um relato comovente e envolvente, o drama humano por trás da realidade violenta da ditadura militar no Brasil. 
Em um momento em que a Comissão da Verdade se esforça para recuperar a história desse período, o lançamento internacional também contribuiria para aumentar a pressão externa sobre o governo brasileiro para que tome providências e puna os culpados, disseram.
A versão alemã de K será lançada pela editora berlinense Transit durante a Feira do Livro de Frankfurt, que neste ano estará homenageando o Brasil. 
Segundo o editor, Reiner Nitsche, o foco em temas brasileiros fez com que ele recebesse muitas ofertas de obras do país para publicação. Mas nenhuma chamou tanto sua atenção como K. 
"Nunca associamos histórias de sequestros e desaparecimentos ao Brasil. Pensávamos que essas coisas só tinham acontecido na Argentina e no Chile".
"Outro ponto importante é a conexão com a história alemã. K nasceu na Polônia na década de 30 e era ativo politicamente, combatendo o antissemitismo. Por isso, foi preso e mais tarde teve de fugir para o Brasil. Anos depois, sua irmã foi morta pelos nazistas."
Para Nitsche, no entanto, a principal justificativa para a decisão de publicar a obra na Alemanha é a forma como o livro aborda a temática política.
Em K, a comovente busca do personagem central por sua filha é narrada de vários pontos de vista. O leitor habita a mente do pai desesperado, do informante, da amante do torturador, da faxineira que limpa a casa onde os prisioneiros são torturados e mortos, dos ex-colegas da desaparecida na universidade e dos militantes clandestinos que lutam contra a ditadura, entre outros. 
"O tipo de verdade que você tem nessa história política é muito raro de encontrar".
"Isso é muito novo e interessante para nós, porque você percebe que a ditadura é cruel mas os militantes também podem ser cruéis, seus métodos são similares".
Nitsche faz referência a um capítulo em que um militante político critica seu próprio líder por não ter permitido que os integrantes do grupo questionassem suas ações.
"O que os militantes estavam fazendo era suicida e alguns perceberam isso, mas não tiveram permissão de questionar ou de abandonar a luta", disse.
"Se você quiser mudar a cabeça das pessoas, tem de publicar livros como esse, não histórias de bonzinhos e malvados", acrescentou o editor. "O livro mostra a crueldade terrível da ditadura militar. Mas no decorrer da história, K se dá conta de quantas pessoas estão colaborando com a ditadura. O padeiro, a imprensa, a comunidade judaica em São Paulo".
Nitsche disse que já recebeu comentários positivos da imprensa alemã sobre K e espera que o livro cause algum impacto no período do lançamento, no final de agosto. 
Instrumento PolíticoA visão cheia de nuances que o livro de Kucinski oferece também mereceu elogios de uma especialista em Justiça de Transição da Oxford University, a professora Leigh Payne.
Comentando o lançamento, em março último, da tradução inglesa na Grã-Bretanha, a especialista disse ter gostado muito da conexão entre a vida do pai, seu passado de luta contra a opressão, e a vida secreta da filha.
"Ele não sabia que a filha estava levando adiante a luta dele".
"K é muito bom ao tentar mostrar que as vítimas da violência não eram necessariamente inocentes, mas também não eram uma ameaça". 
Para Payne, não há dúvida de que os militantes brasileiros não iam conseguir derrubar o regime. "Ainda assim, lutavam por igualdade e democracia e tinham uma visão patriótica do que o Brasil deveria ser".
Segundo a especialista, um resultado positivo do lançamento internacional do livro é que ele pode funcionar como um instrumento de pressão por mudanças.
"A violência durante o governo militar no Brasil recebeu muito menos atenção internacional do que a ocorrida na Argentina ou no Chile e essa falta de interesse persiste hoje".
A publicação de K fora do Brasil "é importante porque aumenta a consciência, no exterior, das violações aos direitos humanos ocorridas no Brasil durante a ditadura militar e faz crescer a pressão sobre o governo brasileiro para que faça algo a respeito". 
Payne lembrou que o governo brasileiro ainda não acatou a sentença, pela Corte Interamericana dos Direitos Humanos, em 2010, exigindo que o Brasil investigue e puna os responsáveis pelas mortes de militantes no Araguaia.
O contato com a editora foi intermediado pelo historiador israelense Avraham Milgram, que vive em Israel e conheceu o pai de Bernardo Kucinski.
"Uma das razões do sucesso desse livro é que pessoas de diversas culturas, países e regimes se identificam com o drama desse pai, é um tema universal".
Mas K tem para os judeus uma dimensão que talvez escape ao público europeu e brasileiro, explicou. 
O pai da desaparecida, Majer Kucinski, escritor e poeta com livros publicados no Brasil e em Israel, era um típico judeu da Europa Oriental, onde floresceu a cultura iídiche. A maioria dos judeus mortos pelos nazistas pertencia a essa cultura.
"Em sua devoção a essa cultura perdida, que existiu durante 800 anos na Polônia e foi erradicada, Majer se alienou dos filhos", disse o historiador. "Isso talvez tenha facilitado a escolha de Ana Rosa pelo caminho que seguiu".
Cientistas políticos no Brasil se perguntam as razões do desinteresse dos brasileiros em relação à história da ditadura militar no país.
"K quase que chegou cedo demais", disse Leigh Payne. Depois de anos estudando as políticas dos direitos humanos no Brasil e América Latina, ela acha que, para comover o público brasileiro, um livro como esse tem de vir junto com outras coisas: 
Um trabalho sério e aprofundado da Comissão da Verdade, o resgate da imagem "negativa" das vítimas, mudanças no conceito de direitos humanos na sociedade brasileira e, quem sabe, algum sucesso nas tentativas de julgar os responsáveis pelos crimes.
Depois disso, "talvez, se alguém fizer um filme sobre o livro, com atores famosos nos papéis principais, os brasileiros irão ao cinema assisti-lo - e aí vão se comover e gostar muito", concluiu a professora da Oxford University.





 Bernardo Kucinski trabalhou na BBC Brasil (antigo Serviço Brasileiro da BBC) entre 1970 e 1974, período em que viveu em Londres.













 

sexta-feira, junho 7

* Por um pouco de delicadeza....


Um pouco mais de delicadeza  

Lá em casa teve briga de cachorro. Duas fêmeas que estão em conflito, querendo cada uma dominar o território. Dentes e unhas de fora e eu no aperreio de apartar a briga, com cuidado para não sobrar pra mim. 
Elas são disciplinadas, obedecem aos comandos. Só que as duas querem ser alfa. O cão alfa é o líder da matilha, é o poderoso da história. É a referência para os outros cães do grupo, que obedecem e acolhem sua supremacia. 
Nem sempre a gente se dá conta da nossa animalidade. Nós, os animais humanos. Fomos metodicamente educados para a vida em sociedade e controlamos a exibição de nossas unhas e dentes para funcionarem como estandartes de esmaltes e sorrisos. E quando dá vontade de soltar os bichos presos? Partir pra cima do desafeto, como fazem os outros animais que nem são tão vorazes assim quanto os humanos?
Para isso, usamos as palavras e os silêncios. Quando as palavras têm como fonte um impulso raivoso e, se a pessoa não consegue filtrar o sentimento, a palavra é parida como insulto.
Ontem presenciei uma briga de trânsito. Um animal fechou a passagem do outro. O ofendido com a atitude alfa saltou do carro, gritando seus insultos e os dois, em um piscar de olhos, estavam atracados num tear mais complexo de separar do que o dos cães. Segui meu rumo com a sensação de que só não presenciei uma tragédia porque felizmente nenhum deles portava arma de fogo.
Lembro que li uma referência sobre o primeiro homem a proferir um insulto contra seu inimigo, no estudo “Sobre o mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos”, de Sigmund Freud. Ao utilizar a agressão das palavras em substituição a agressão física, esse homem teria fundado a civilização. 
Como corre a vida e vou pedindo: um pouco mais de delicadeza, por favor. Avançamos tanto em tecnologia, dominamos o mundo de fora e desabitamos o mundo de dentro. Não conseguimos ainda governar a nós mesmos. Podemos recomeçar lapidando as palavras. Delicadas, polidas, fiéis, generosas, corajosas, gratas, justas, doces, amorosas palavras.(O Povo 25/2/13)