quarta-feira, abril 4

* ALCOOLISMO! E ninguém se importa...!






Não tem aqui nenhuma conotação moralista, mas o alcool é uma das piores e mais nocivas drogas. É legal e por isso tão negligenciada.
O cigarro cria dependência, mata, mas não impede que o indivíduo mantenha a sua vida profissional, social e familiar. Já o alcool... acomete famílias inteiras, o homem, a mulher e filhos.. Adoece também quem convive com o usuário.

"Se pensarmos nos piores assassinos do mundo, pode ser que não nos lembremos do álcool. Ainda assim, ele mata mais de 2,5 milhões de pessoas por ano, mais que Aids, malária ou tuberculose.

Para pessoas com renda média, que constituem metade da população mundial, o álcool é o maior fator de risco para a saúde: pior que a obesidade, a inatividade e o tabagismo.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) documentou com detalhes a extensão do abuso de álcool nos últimos anos e já publicou recomendações consistentes sobre como reduzir mortes relacionadas à substância, mas isso não é suficiente, segundo Devi Sridhar, especialista em políticas de saúde na University of Cambridge.




Em um comentário feito na Nature, Devi argumenta que a OMS deve regular o álcool a nível mundial, impondo regulamentos como idade mínima para beber, tolerância zero para embriaguez ao volante e proibição de bebidas especiais ilimitadas. Respeitar os regulamentos seria obrigatório para os 194 Estados membros da OMS.

Longe de proibir, a regulamentação da OMS forçaria as nações a fortalecer leis fracas sobre bebidas e aplicar melhor as leis já em vigor, aponta Devi.

Quase uma garrafa por dia

O consumo de álcool é medido em termos de álcool etílico puro para compensar as diferenças de teor na cerveja, vinho e destilados. Uma garrafa de vinho de um litro com 10% de álcool, por exemplo, representaria apenas 0,1 litro de álcool puro. Segundo a OMS, cada americano toma, em média, 9,4 litros de álcool etílico por ano, que equivalem a 94 garrafas do vinho citado acima.
 

Embora possa parecer muito, os americanos nem chegam perto dos 50 maiores consumidores mundiais. A Europa, especialmente a Europa Oriental, domina a cena. A Moldávia encabeça a lista, com 18,4 litros de álcool per capita por ano. Isso equivale a 184 garrafas de vinho de um litro ou quase quatro garrafas semanais por pessoa. A idade legal para beber na Moldávia é 16 anos e há poucas restrições sobre quando ou onde o álcool pode ser vendido.

O preço do abuso de álcool é a morte prematura. Um em cada cinco homens da Federação Russa e de países europeus vizinhos morre em consequência do álcool, segundo dados da OMS. O abuso de álcool está associado a doenças cardiovasculares, cirrose do fígado, cânceres diversos, violência e acidentes de veículos. Adultos alcoólatras têm ainda dificuldade de trabalhar e sustentar suas famílias.


Recomendações sensatas

Devi argumenta que a OMS é a única entre as organizações de saúde que pode criar convenções juridicamente vinculadoras. A OMS fez isso apenas duas vezes em sua história de 64 anos: o Regulamento Sanitário Internacional, que exige que países reportem certos surtos de doenças e eventos de saúde pública, e a Convenção-Quadro para Controle do Tabaco, que obriga os governos a modificar leis para reduzir a demanda e a oferta de tabaco.

Nenhuma outra entidade pode atacar o problema mundial do abuso de álcool, disse ela. Quando se trata de álcool, no entanto, a OMS estabelece meras recomendações, como as descritas em 2010 na Estratégia Global da OMS para reduzir o uso nocivo do álcool.

“Os países estão cientes do problema, mas vários não se comprometeram realmente com a implementação das recomendações”, lamentou Devi à LiveScience. “O problema não é com os ministérios da saúde, mas com os das finanças e do comércio, por exemplo, que priorizam outros interesses.” 

Em seu comentário na Nature, Devi avaliou que as atuais recomendações da OMS poderiam servir como base para uma nova convenção internacional sobre a regulamentação do álcool. Os Estados Unidos lutam para cumprir várias das dez áreas-alvo recomendadas, que incluem restrições à publicidade, elevações de preços e leis mais duras contra a embriaguez na condução de veículos.

“Com a sustentação da OMS, os ministérios da saúde teriam uma posição mais forte de negociação doméstica para priorizar a regulação do álcool acima de interesses econômicos”, defende Devi. (Scientific American Brasil)
 

O consumo de alcool no Brasil

O álcool é a droga mais usada no Brasil, entre 60-70% dos brasileiros consomem bebidas alcoólicas em algum grau. Nos EUA os gastos do sistema de saúde e as perdas de produtividades devido a doenças relacionadas ao álcool, ultrapassam os 180 bilhões de dólares por ano.








Benefícios do álcool 

Esse texto é basicamente sobre efeitos nocivos do álcool e alcoolismo, porém, não podemos deixar de falar rapidamente nos benefícios do uso responsável do álcool. Ao contrário da maconha e do cigarro (as outras duas drogas mais usadas socialmente), existem algumas evidências de que o consumo leve a moderado de álcool pode até ser benéfico para a saúde. Mas antes que todo mundo saia por aí bebendo, algumas explicações são necessárias.

Não existem grandes trabalhos científicos sobre os efeitos benéficos do álcool, a maioria consiste em pequenos estudos em curto prazo e com número pequeno de pacientes. Apesar desses defeitos, os estudos que existem realmente sugerem que o consumo moderado possa trazer benefícios como a redução das doenças cardíacas. Devem-se encarar essas vantagens como algo possivelmente real, mas não como uma verdade absoluta já aceita por toda comunidade médica.

Os trabalhos mostram que os benefícios parecem vir do álcool e não de um tipo específico de bebida, como o vinho, por exemplo. A história dos flavonoides do vinho serem cardioprotetores nunca foi comprovada. Parece que qualquer bebida alcoólica tem o mesmo efeito. Nenhuma é superior a outra.

O grande problema é que não existe uma dose ideal de álcool para todo mundo. Em geral, mulheres são mais susceptíveis aos danos do álcool que os homens. Se aceita que a dose considerada benéfica seja 10 a 15 gramas de álcool, o que equivale a uma taça de vinho ou uma garrafa pequena de cerveja (355 ml) por dia para as mulheres. Homens podem beber um pouco mais como duas garrafas pequenas de cerveja ou duas taças de vinho por dia. Há quem ache que o consumo não pode ser diário, sendo necessário um ou dois dias de intervalo.

É importante salientar que em algumas pessoas os benefícios cardiovasculares de uma ingestão moderada de álcool acabam não sendo vantajosos, uma vez que causam um aumento dos riscos de outras doenças como câncer de mama, doenças do fígado e acidentes automobilísticos.

A ingestão de álcool, mesmo que moderadamente, é contraindicada em alguns casos:

- Grávidas

- Pessoas com passado de alcoolismo

- Pessoas com histórico familiar de alcoolismo

- Antecedentes de AVC hemorrágico.

- Pessoas com doenças do fígado

- Pessoas com doenças do pâncreas.


Também devem evitar o consumo regular de álcool pessoas com doenças do estômago e esôfago e aquelas com história familiar forte de câncer de mama.

Também não devem beber quantidade alguma de álcool pessoas que irão operar máquinas pesadas ou conduzir carros nas próximas horas.


Malefícios do consumo elevado de álcool.

Definimos como alcoolismo pesado o consumo de mais de 7 drinks por semana ou a ingestão frequente de mais de 3 drinks por dia nas mulheres (1 drink é igual a uma taça de vinho ou 355ml de cerveja ou 45ml de whisky) e o dobro disso nos homens. Portanto, mulheres que bebem diariamente duas taças de vinho todos os dias, já estão enquadradas no grupo de alcoolismo pesado.

O consumo elevado de álcool elimina todos os possíveis benefícios do consumo leve e ainda pode trazer inúmeras complicações para saúde, como:  

- Câncer de mama 

- Câncer de estômago

- Câncer do cólon

- Câncer de fígado

- Câncer de esôfago

- Cirrose 

- Pancreatite aguda

- Osteoporose 

- Diabetes mellitus

- Ossos e articulações (ácido úrico elevado, degeneração dos ossos e outros)

- Lesão cerebral (síndrome de Wernicke-Korsakoff, degeneração cerebelar, ambliopia)

- Câncer (na boca, esôfago, estômago, fígado e outros)

 - Pulmão (pneumonia, tuberculose e outros problemas)

 - Epilepsia

- Síndrome fetal

 - Coração (arritmias, cardiopatia, hipertensão e doença coronariana, AVC – derrame cerebral)

 - Lipemia

 - Hipoglicemia

 - Fígado (cirrose hepática e outras doenças)

 - Miopatia

- Pancreatite

- Neuropatia (ou neurite)

- Sexo (disfunção testicular e impotência)

- Esôfago e estômago (efeitos corrosivos diretos do álcool sobre estes órgãos como: gastrite, úlcera péptica, esofagite e síndrome de Mallory-Weiss).

- Suicídio 

 (Revista Plantão Médico - Drogas, Alcoolismo e Tabagismo, Editora Biologia e Saúde, Rio de Janeiro, 1998).


Além dos problemas de saúde, quem já teve contato com uma pessoa alcoólatra, sabe o poder destrutivo desta droga. Mesmo sem nenhuma doença física, essas pessoas se tornam improdutivas. O alcoólatra não trabalha, não cuida da família, muitas vezes se tornam violentos e perdem os contatos sociais, além de colocar a vida de outros em risco quando se encontram atrás do volante de um carro. 
 




O alcoolismo é uma doença e apresenta elevada taxa de morbidade e mortalidade. Estima-se que até metade dos acidentes de trânsito fatais estejam de algum modo estão relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas. Nos EUA, onde existem dados mais precisos, cerca de 80.000 pessoas morreram entre 2001 e 2005 por doenças relacionadas ao uso abusivo de álcool e 70% dos casos de suicídio em estudantes universitários ocorrem em pessoas com problemas com bebidas.


- Uso de álcool com outras drogas, remédios e energéticos. 


- A associação de bebidas alcoólicas com medicamentos pode levar a efeitos colaterais graves, inclusive com risco de morte. O álcool pode tanto potencializar os efeitos de um medicamento quanto neutralizá-lo. Pode também ativar enzimas que metabolizam o medicamento em substâncias tóxicas para o organismo.

- Atualmente tem sido muito comum entre jovens a associação de bebidas alcoólicas com energéticos, outras drogas e até com medicamentos para impotência como Viagra 

- Abuso e dependência do álcool

Consideramos que há uso abusivo do álcool quando o paciente começa a apresentar pelo menos um dos problemas listados abaixo:

- Dificuldades em desempenhar adequadamente suas tarefas profissionais ou estudantis.

- Problemas legais relacionados ao uso de álcool com recorrência (por exemplo: agressões e acidentes de carro).

 
- Uso continuado do álcool apesar dos problemas sociais e profissionais que o mesmo está causando.

- Uso frequente do álcool em situações que ameaçam a sua integridade física (conduzir, operar máquinas pesadas, trabalhar na construção civil etc...) ou uso frequente de álcool até perda da consciência.

O paciente com dependência do álcool, popularmente chamado de alcoólatra, é definido quando existem pelo menos três dos problemas listados abaixo:

- Tolerância aos efeitos tóxicos do álcool (necessidade de beber cada vez mais para ficar bêbado).

- Necessidade de beber álcool depois de algum tempo sem consumi-lo.

- Consumo de grandes quantidades de álcool, sempre maior do que inicialmente planejado.

- Percepção de que precisa diminuir ou controlar o consumo de álcool ou sentimento de culpa por beber.

- Dificuldades profissionais e/ou sociais devido ao uso abusivo do álcool.

- Perda de grande parte do dia bebendo, tentando obter álcool ou se recuperando da ressaca.

- Uso persistente do álcool apesar da noção de que o mesmo o está prejudicando.

O abuso e a dependência do álcool têm estreita relação familiar. Parentes de primeiro grau de pessoas com problemas com álcool têm até quatro mais chances de também tê-lo.

Tratamento do alcoolismo

O tratamento do alcoolismo visa a abstinência do álcool, ou pelo menos uma grande redução no seu consumo, e atualmente envolve psicoterapia e uso de drogas. O tratamento medicamentoso costuma ser usado por até 6 meses.

A naltrexona é atualmente a droga mais indicada. O disulfiram, topiramato, acamprosato e baclofeno são outras opções.

Leia o texto original no site MD.Saúde: EFEITOS DO ÁLCOOL | Tratamento do alcoolismo http://www.mdsaude.com/2008/09/lcool.html#ixzz1r





 

2 comentários:

  1. A senhora escolheu um tema bem oportuno! Os jovens brasileiros não estão se dando conta desse assassino disfarçado em diversas cores: tinto; verde; branco, azul, amarelo.... Ele mata silenciosamente,é facilmente encontrado, tem preço para todos os bolsos. O alcoolismo é uma doença fatal e incurável, a unica saída é evitar o primeiro gole, manter a sobriedade, um dia de cada vez.
    Um abraço, dona Manuh. Paulão

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  2. Eu também considero o alcool muito destrutivo. Aliás, queria aqui parabenizar todos os que conseguiram assumir e vencer o hábito de beber. São heróis! Como fumante, conheço muito bem o poder devastador de drogas legais.
    Obrigada, Paulo.

    Beijos meus

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