Saudade docê moça!
Isso é Sampa na periferia...
Cássia Rejane Eller (Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1962
— Rio de Janeiro, 29 de dezembro de 2001) foi uma cantora e violonista do rock
brasileiro dos anos 1990.
Isso é Sampa na periferia...
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Filha de um sargento paraquedista do Exército e de uma
dona-de-casa, seu nome foi sugerido pela avó, devota de Santa Rita de Cássia.
Nascida no Rio de Janeiro, aos 6 anos mudou-se com a família
para Belo Horizonte. Aos 10, foi para Santarém, no Pará. Aos 12 anos, voltou
para o Rio. O interesse pela música começou aos 14 anos, quando ganhou um
violão de presente. Tocava principalmente músicas dos Beatles. Aos 18, chegou a
Brasília. Ali, cantou em coral, fez testes para musicais, trabalhou em duas
óperas como corista, além de se apresentar como cantora de um grupo de forró.
Também fez parte, durante dois anos, do primeiro trio elétrico de Brasília,
denominado Massa Real, e tocou surdo em um grupo de samba. Trabalhou em vários
bares (como o Bom Demais), cantando e tocando. Despontou no mundo artístico em
1981, ao participar de um espetáculo de Oswaldo Montenegro.
Um ano mais tarde, foi para Minas Gerais, onde trabalhou
como servente de pedreiro. "Fiz massa e assentei tijolos", contava.
Na escola, não chegou a terminar o ensino médio, por causa também dos shows que
fazia, não teria tempo para estudar.
Caracterizada pela voz grave e pelo ecletismo musical,
interpretou canções de grandes compositores do rock brasileiro, como Cazuza e
Renato Russo, além de artistas da MPB como Caetano Veloso e Chico Buarque,
passando pelo pop de Nando Reis e o incomum de Arrigo Barnabé e Wally Salomão, até
sambas de Riachão e rocks clássicos de Janis Joplin, Jimi Hendrix, Rita Lee,
Beatles, John Lennon e Nirvana.
Teve uma trajetória musical bastante importante, embora
curta, com algo em torno de dez álbuns próprios gravados no decorrer de doze
anos de carreira. De fato, somente em 1989 sua carreira decolou. Ajudada por um
tio seu, gravou uma fita demo com a canção "Por enquanto", de Renato
Russo. Este mesmo tio levou a fita à PolyGram, o que resultou na contratação de
Cássia pela gravadora. Sua primeira participação em disco foi em 1990, no LP de
Wagner Tiso intitulado "Baobab".
Cássia Eller sempre teve uma presença de palco bastante
intensa, assumia a preferência por álbuns gravados ao vivo e ela era convidada
constantemente para participações especiais e interpretações sob encomenda,
singulares, personalizadas.
Outra característica importante é o fato de ela ter assumido
uma postura de intérprete declarada, tendo composto apenas três das canções que
gravou: "Lullaby" (parceria com Márcio Faraco) em seu primeiro disco,
Cássia Eller, de 1990 (LP com 60.000 cópias vendidas, sobretudo em razão do
sucesso da faixa "Por enquanto" de Renato Russo); "Eles"
(dela com Luiz Pinheiro e Tavinho Fialho) e "O Marginal" (dela com
Hermelino Neder, Luiz Pinheiro e Zé Marcos), no segundo disco, O Marginal
(1992).
Era homossexual assumida e morava com a parceira Maria
Eugênia Vieira Martins, com a qual criava o filho Francisco (chamado
carinhosamente de Chicão). Ela teve seu filho com o baixista Tavinho Fialho.
Ele faleceu em um acidente automobilístico meses antes do nascimento de Francisco.
Maria ficou responsável pela criação do filho de Cássia após a morte de sua
companheira.
2001: o ano que não acabou
2001 foi um ano bastante produtivo para Cássia Eller. Em 13
de janeiro de 2001, apresentou-se no Rock in Rio III, num show em que baião,
samba e clássicos da MPB foram cantados em ritmo de rock. Neste dia, o
organograma de apresentação foi o seguinte: R.E.M., Foo Fighters, Beck, Barão
Vermelho, Fernanda Abreu e Cássia Eller. 190 mil pessoas compareceram a esta
apresentação.
Entre maio e dezembro, Cássia Eller fez 95 shows. O que
levou a cantora a gravar um DVD, nos moldes de sua preferência - ao vivo: o Acústico
MTV, gravado entre 7 e 8 de março, em São Paulo, no qual Cássia contou com o um
grupo de alto nível técnico e artístico: Nando Reis (direção musical/autoria,
voz e violão em "Relicário" / voz em "De Esquina" de Xis),
os músicos da banda Luiz Brasil (direção musical /cifras / violões e bandolim),
Walter Villaça (violões e bandolim), Fernando Nunes (baixolão), Paulo Calasans
(piano acústico Hammond e órgão Hammond), João Vianna (bateria, surdo, ganzá,
ralador e lâmina), Lan Lan (percussão) e Thamyma Brasil (percussão), os músicos
convidados Bernardo Bessler (violino), Iura (Cello), Alberto Continentino
(contrabaixo acústico), Cristiano Alves (clarinete e clarone), Dirceu Leite
(sax, flauta e clarineta), entre muitos outros. Este álbum foi composto por 17
faixas, acrescidas do Making Of, galeria de fotos, discografia e i.clip. O
álbum vendeu até hoje mais de um milhão de cópias e se tornou o maior sucesso
da carreira de Cássia, sendo que até então, apesar das boas vendagens e da
experiência, ela não era considerada uma cantora extremamente popular.
No mesmo ano de 2001, ela se apresentaria no Video Music
Brasil, da MTV, ao lado de Rita Lee, Roberto de Carvalho e Nando Reis com
"Top Top" d'Os Mutantes, presente no seu "Acústico MTV".
No fim do ano, ela se apresentaria na Praça do Ó, na Barra
da Tijuca, no Rio, durante os festejos do réveillon. Faleceu dois dias antes,
em 29 de dezembro. Foi substituída por Luciana Mello. Em vários pontos do Rio
de Janeiro, fez-se um minuto de silêncio durante a homenagem da passagem do ano
em memória de Cássia Eller. Vários artistas também prestaram homenagem à
cantora em seus shows, na virada do ano.
Morte
Cássia Eller faleceu em 29 de dezembro de 2001, com apenas
39 anos, no auge de sua carreira, em razão de um infarto do miocárdio
repentino. Foi levantada a hipótese de overdose de drogas, já que ela já fora
usuária de cocaína. A suspeita foi considerada inicialmente como causa da
morte, porém foi descartada pelos laudos periciais do Instituto Médico Legal do
Rio de Janeiro após autópsia. Encontra-se sepultada no Cemitério Jardim da
Saudade no Rio de Janeiro.
O bom dessa moça é que ela não tinha preconceito com a nossa música e cantava (quase) tudo. Diferentemente de certos artistas nacionais que supervalorizam a cultura gringa. Não que eu ache a música de fora ruim, muito pelo contrário, gosto bastante. Mas temos coisas belíssimas aqui na Terra que o Cabeal achou.
ResponderExcluirBah, a música brasileira é trilegal! rs
Abraços.
Tenho saudade de Cássia Eller, ela descobriu muita coisa impensável, do clássico, à musica de periferia. De Brasília, filha de militar, com uma educação apurada, circulava bem a vontade por onde quisesse. E gostava do improvável..rss. Confesso que fiquei meio apreensiva de postar essa musica, fala de drogas, mas fala a lingua da periferia paulista, da moçada que nem sempre usa droga, mas tem uma linguagem própria. E o som! D2 depois assumiu o estilo, mas é a cara de Cássia Eller!
ExcluirGosto do estilo sem estilo de Cássia, mas que tem a sua marca. Ah, se tem!
Obrigada,
Beijos meus