Onde os oceanos se encontram
Onde todos os oceanos se encontram, aflora uma pequena ilha.
Ali, vivem desde sempre Lânia e Lisíope, ninfas irmãs que vivem a serviço do
mar, que ali depositava os corpos de pessoas afogadas. Cabia a Lânia a mais
forte, retira-los do mar e a Lísiope limpar e envolve-los nos lençóis de linho
e devolver ao mar. Foi num desses dias que Lânia viu um corpo e foi retirá-lo.
Viu que era um homem jovem e bonito. Apaixonou-se perdidamente e decidiu não devolver
o morto ao mar. Foi à língua de pedra estreita e cortante que avançava mar
adentro e chamou a Morte pedindo á ela vida ao homem. A Morte concordou dizendo
que quando a maré subisse e tocasse com a primeira espuma seus cabelos, ele
viveria. E assim ocorreu.
Só que ao abrir os
olhos o homem sorriu e se apaixonou por Lisíope, sua irmã. Argumentos,
choradeiras, nada demoveu o casal de amantes. Desesperada Lânia foi falar com a
Morte e pediu para ela levar Lisíope e deixasse o homem e ela a sós. E nada
mais quereria. A Morte concordou dizendo que Lisíope deveria deitar com os pés
voltados para o mar, na areia da praia. Quando, o primeiro beijo de sal a
aflorasse, ela o levaria. Feito isso, a ninfa seduziu a irmã até a praia e
preparou-lhe a cama numa noite de luar, noite quente e perfumada. Escondeu-se
numa árvore e esperou. Só que o mar estava calmo e demorou a fazer ondas. Lânia
dormiu atrás da árvore. E o moço dormiu ali perto, acordando com um raio de
luar e procurando Lisíope. Viu-a na praia, foi ao seu lado e não querendo
acordá-la, deitou-se ao seu lado e abraçou-a. Lânia acordou com o dia claro e
viu o travesseiro abandonado, o lençol flutuando ao longe. E nenhum sinal da
irmã. Contente, foi conferir. Mas não correu muito. Diante de seus passos, estampada
na areia, deparou-se com a forma de dois corpos deitados lado a lado. A maré já
havia apagado os pés, breve chegaria a cintura. Mas na areia molhada a marca
das mãos se mantinha unida, como se á espera das ondas que subiam.
(Marina Colassanti)
É muito doloroso quando a paixão é uni-lateral; com o tempo e repetições transforma-se numa dor poética. rsss Abraço, Paulão
ResponderExcluirPois é, amores mal resolvidos produzem muita loucura e felizmente, muito mais frequentemente, muita poesia..rss
ResponderExcluirObrigada pela participação,
Beijos meus